21 setembro 2010

azeitona vestiu-se de dalmata...


à janela, a azeitona olhava a rua. viu o gato da vizinha no telhado com um ar estranho. olhava sorrateiro as pombas que volta e meia aterravam nas telhas junto à clarabóia. rasteirinho aproxima-se de algumas delas. mas a sua atenção da azeitona foi despertada para um ponto em particular no jardim da rua. viu um cão salpicado de preto. achou curiosa aquela pintura. voltou para dentro de casa toda entusiasmada a perguntar. “não me podes pintar como ele?, gostava de ser assim sarapintada”. “o dalmata é branco sarapintado de preto mas como tu és preta vou sarapintar-te de branco.”

nasceu a terceira...


desde a aventura de trazer o vaso da costela de adão pela rua fora até aqui, esta belíssima planta tem-se sentido agradavelmente confortável na sua nova casa. desde então já foram três as folhas que nasceram aqui. é extraordinário vê-las se abrirem para o espaço. é como se elas se desembrulhassem elas próprias. vão-se desenrolando lentamente. nascem em verde extremamente claro. o tempo vai escurecendo-as. no salão têm assumido protagonista

17 setembro 2010

passeando por aí...


[o apelo que vou fazendo às pessoas que vão adoptando algumas das minhas criações vai sendo alimentado à medida que recebo algumas destas simpáticas e encantadoras surpresas. por várias vezes questionei-me se alguma vez iriam responder a este apelo. mas a verdade é que algumas das fotografias tiradas por outras pessoas com algumas das minhas personagens de pano vão chegando. aqui fica o muito obrigada pelo carinho e pela forma como cuidam dessas pequenas criações. desta vez fui surpreendida pela marisa mata. não resisti em pedir-lhe que me deixasse partilhar este miminho aqui com vocês. talvez esta partilha inspire alguns. talvez não. mas continuarei à espera. talvez um dia receba mais noticias. ou talvez não.]

em casa de...

[azeitona e um novo amigo. este qualquer dia vem visitar a família de azeitonas cá em casa!]

em casa de...

em casa de...


[estão recordados desta encomenda que fiz há uns tempos atrás? e da história a ela associada? pois bem recebi uma fotografia das personagens "embrulhadas" no pedaço de tecido de onde nasceram.]

em casa de...

e ela dormindo...



[uma alga-brinco achada na praia... e ela dormindo...]

desmaiou? não. é só para a fotografia.

13 setembro 2010

sapatos ao vento com vista para o mar...



[de um dia na praia foram diversos os pormenores registados. numa caminhada junto ao mar, o olhar foi surpreendido por pequenas formas naturais que o o mar trazia até junto das rochas. ao voltar para a toalha estendida ao sol não pode deixar de registar esta curiosa imagem. os sapatos do vizinho que dançavam ao vento com vista para o mar...]

formas para ovos? formas para pedras

[pequenas formas moldadas nas rochas. como num jogo distribuímos alguma das pedras caídas na areia]

de um dia na praia...

[tão frágeis estruturas de areia que se agarram às rochas]

alga-balão de uma menina do mar...



encontrei uma menina do mar que passeava com a sua alga-balão em forma de coração pela praia. o vento soprava de vez em quando. os meus cabelos seguiam à minha frente. por vezes tapavam-me o rosto. por breves momentos julguei vê-la com a alga-balão em forma de coração. sempre que o vento soprava, a menina do mar agarrava ainda com mais força a sua alga-balão. as pequenas ondas do mar que abraçavam a areia traziam surpresas até junto de nós. umas chegavam até ao olhar da menina do mar. outras chegaram mesmo a tocar nos meus pés enterrados na areia. pequenos tesouros salpicados de sal. o vento soprava de vez em quando. o mar trazia consigo algas. para logo voltar a levá-las para junto de si. numa dessas vezes levou também a alga-balão da menina do mar que ficou a chorar sentada no meu pé esquerdo. o pé do lado do coração. sentou-se ali aguardando uma onda voltar. e ela voltou mesmo. não era a mesma. era outra. mas mesmo assim a sua alga-balão em forma de coração voltou para si. chegou de uma pequena viagem salpicada de sal e com alguns pequenos grãos de areia. o vento voltava a soprar no rosto. os meus cabelos afastaram-se para trás em direcção às rochas e não voltei a ver a menina do mar e a sua alga-balão em forma de coração. 

alga-balão em forma de coração...



[de um dia na praia, foram diversos os pormenores registados, aqui uma alga-balão em forma de coração...]

10 setembro 2010

menino na lua...

no quarto de alguns pequeninos têm nascido também diversos apontamentos de pano salpicados de encanto. mobiles onde os elementos centras, a pedidos dos papás apaixonados, acarinham com ternura personagens de olhar sonhador. aqui, um menino sentado na lua. e numa noite estrelada ouço perguntar, “vives no mundo da lua?”. e penso. “vivo no mundo da lua?”.

do jardim dos vizinhos...

[numa caminhada pelo bairro acabei por fazer alguns registos de pormenores dos jardins dos vizinhos]

09 setembro 2010

regressando ao ritmo normal dos dias...

aos poucos o trabalho aqui retoma o seu ritmo habitual. a luz lá de fora continua a entrar com alegre intensidade. os dias de chuva ainda não vieram para ficar. a música aquece o ambiente com aroma a baunilha. abri todas as portadas. voltei a olhar a rua da cidade, as gentes que entram e saem do comércio tradicional. volto a olhar aqui para dentro. os caixotes que se amontoaram à entrada depois de regressarem das feiras de artesanato voltaram a abrir-se. aos poucos tudo voltou para os seus locais adequados. os caixotes, esses mesmos caixotes estão agora a descansar encostados à parede. durante uns tempos estarão por aqui. quando o dia chegar voltaram a viajar comigo para criarem ambientes nas feiras de artesanato transformando-se em expositores que são salpicados com as minhas personagens de pano. por enquanto estão por aqui. assim a imagem de caos em que o espaço se encontrava foi sendo moldado ao ponto de retomar a sua silhueta quase perfeita. os pequenos aglomerados de pó espalhados um pouco por todo o lado andavam sorrateiramente de um lado para o outro. deslocavam-se por todo o lado assim que uma pequena brisa entrava ou sempre que me deslocava. lembrei-me então de estriar a vassoura mágica que me deram. naquele dia foi entregue à inês para varrer as folhas que caiam das árvores e que todos os dias entravam pelo stand em Vila do Conde. hoje, foi com ela que varri estas pequenas partículas de pó que se deslocavam de um lado para o outro. o simples gesto de varrer com esta vassoura em particular ganha novo significado. 

por agora encostados à parede...


[os meus caixotes de madeira estão agora encostados à parede. por enquanto suportam livros. alguns já têm significativas cicatrizes resultado dos constantes transportes de um lado para o outro, o que vão tornando a sua silhueta mais frágil. qualquer dia tenho de me lançar à descoberta de mais alguns exemplares pelas ruas da cidade. no norte vai sendo cada vez mais difícil de encontrar. vão dando lugar aos caixotes de plástico. no sul sei que existem muitos. num domingo pela manhã cedo, antes de me preparar para ir para a FIA, lá andei eu pelas ruas a recolher alguns deles. falando nisso qualquer dia tenho de ir buscá-los. vieram de viagem para o norte com uns amigos.]

três

[três. duas ficam na cidade. uma regressa à ilha da madeira. brincando com as nossas sombras olhamos a cidade no instante em que ia sendo abraçada pela luz de fim de tarde. lá no alto, naquela varanda voltada para a cidade, lembramos tantas das histórias da nossa infância juntas na escola primária. naqueles tempos éramos amigas. hoje continuamos a ser.]